ARABESQUE

ARABESQUE
Em passos de arabesque escrevo

30.9.12





bird


your eyes lighten the dawn in me
denouncing the escaped passion
slept on my insensately hands

in this, the night travels without absences
you become, obscene and moonlighted
in birds speed

my soul returns to fluctuate in blue
when you embrace me and we make love
by worlds submersed in homesickness


@Jade Dantas






pássaro


teus olhos me acendem as madrugadas
denunciando a paixão esquiva
adormecida em minhas mãos insensatas

neles, a noite viaja isenta de ausências
chegas, obsceno e enluarado
em velocidade de pássaro.

minha alma volta a flutuar azul
quando me abraças e fazemos amor
por mundos submersos de saudades


@Jade Dantas









primavera



quando quis cumplicidade
fui solidão

quando quis esquecimento
foi dolorido demais

quando me quis vanguarda
fui contenção

quando mais nada esperava
tu chegaste


@Jade Dantas










aconchego



não quero te dizer adeus se meu amor
não quer saber do refúgio de outras rotas

então me abrigo nos reflexos dos meus sonhos
porque os sonhos não andam sozinhos

mas este olhar com os sons do meus acordes
pode apagar por falta de caminhos


©Jade Dantas




desejos de um dia de sol 

                 

ao vento dos descaminhos
a cabeça envolta em nuvens

cabelos leves ao vento
entre mar, areia e sol

embriagada de vida
caminharia ao teu lado 

onde nunca caminhei
 o amor não mais guardado

com asas que me explicam
e gestos que nunca ousei


@Jade Dantas


26.9.12

O Tempo da Doçura











obliquidades

 

quero escrever do oculto em cada olhar
guardando lembranças clandestinas

escrever do oblíquo no silêncio 
onde brilham imagens escondidas

e dos reflexos nos espelhos
escondendo telúricos segredos


quero escrever do indizível
daquilo que nos redime
 

@Jade Dantas





23.9.12




INCONSEQUÊNCIA


E houve um dia em que riu demais e trabalhou de menos. Tomou um banho demorado, viu-se no espelho, tão linda quanto sabia não ser. Foi ao Shopping, comprou uma roupa nova, comeu torta e sorvete sem pensar no peso, pegou um DVD de um filme bobo que assistiu sozinha, deitada nas almofadas tomando coca-cola com pipoca – nada de sucos naturais – e foi dormir tranqüila e sem culpas, novamente adolescente - porém bem demais.


©Jade Dantas 






diálogos



o mar murmura ondas de carinho
no aconchego da manhã ensolarada

coqueiros falam de saudades
e o vento se quer dono do mundo

dormindo â toa, ri o sol desses diálogos
o supérfluo nos rouba muita coisa!


©Jade Dantas








utopia



com ares de proprietário
toma-me nos teus braços

corpo, mãos e lábios.
dança comigo           me entontece

deixa-me febril com palavras audazes
como se fôssemos algo mais

que esse desejo dos abraços.
como se ainda fosse de verdade


@Jade Dantas 






sem presságio


como imaginar o silêncio
ou este inverno levando a beleza?.

enquanto éramos sinfonia, sem presságio
havia uma sombra escondida e traiçoeira
rastejando à nossa espreita, pronta à atacar

meu amado, meu amante, meu menino
feito inteiro de amor e de ternura, como imaginar?


©Jade Dantas




21.9.12

Fragilidade





fragilidade


passarão os sonhos
a fragilidade de vidro

passarão os beijos perdidos
os gestos no escuro, o alento
o instante do gozo, o grito
desconstruindo o tempo
passará a juventude, a dor

a vida, as ilusões 
passará este poema


©Jade Dantas

Proteção





proteção


agora estou contida
habito uma torre
uso armadura

depois de escalar o abismo
onde me jogaste

porém

se me viesses
com asas de poesia

abriria as janelas
e te deixaria entrar


@Jade Dantas



18.9.12

Canto Triste







canto triste



por tantos olhos sofridos
há um silêncio encravado
silêncio mais que ausência

silêncio sem anteparo
impotente e imperante

silêncio feito de gritos
e bastaria um instante, um abrigo
e um motivo para ir adiante


©Jade Dantas



O SENSO DA VERDADE






o senso da verdade


que se transformem as lembranças
na minha própria verdade

que se restaure em leveza
o que foi danificado

que o homem muito amado
doce humano solitário

seja feliz



©Jade Dantas

15.9.12


IRREAL





irreal


nesta manhã de chuvas e relâmpagos
quase inverno perdido em setembro

a melodia ao longe é desproposital
- Dia Branco - numa tal manhã

me faz o sol surgir, me iluminar
nesta manhã escura e irreal

onde não estás


©Jade Dantas

9.9.12

INCOMPETÊNCIA







ANÍMICO




LUAR AZUL

INÍCIO DO SEMPRE




MESSAGE









message



I wanted to touch you
but let the poem do it
in a ultimate gesture

which would caress you
as a song sliding by
telling you what I can't

about what I am. which would take you
my pudency, contempt before me

which would take you this love


@Jade Dantas









mensagem


desejaria tocar-te
mas que o faça o poema 
num gesto definitivo

que te acaricie
música a deslizar 
dizendo-te do que não te digo

e do que sou. que te leve
meus recatos, desacatos 
antes de mim

que te leve este amor



©Jade Dantas










ESFINGE




SPHINX


MELODIA


O OUTRO LADO




7.9.12

VIDA DUPLA






vida dupla 


Nunca sei do racional sem me perder no imaginário. Ouso o desequilíbrio, me permito o naufragar e o reconstruir. Transformo o mergulho em criação e penetro, mais uma vez, no sortilégio da poesia. Transfigurada, tomo consciência da voz da razão, guardo a ternura desaproveitada e abro olhos assombrados à vida que me reclama.
Do desequilíbrio, ou porque escondido ou porque revelado, nasce a única grandeza que eu possa ter, no âmbito do que faço.
Paro o trabalho no computador e vou lá fora conversar com um pássaro. 


@Jade Dantas





INCONSEQUÊNCIA


4.9.12

O OUTRO LADO DA NOITE







o outro lado da noite



ainda haverá tempo
para novos “pas de deux”
pintar novas aquarelas?

das mágoas
construir uma nova estrada?

descobrir novos roteiros
por pontes não percorridas?
e se a vida não deixar?


@Jade Dantas