ARABESQUE

ARABESQUE
Em passos de arabesque escrevo

7.12.12



INTOCÁVEIS




intocáveis


perco-me nas palavras
na densidade com que elas me provocam
e calo (com medo do delírio)

falo das palavras que me escondem
falo dos sonhos e segredos
intocáveis. falo do refúgio úmido

onde te anseio. do meu lado selvagem
falo da poesia da tua voz ao meu ouvido
e me perco nas palavras

falo de ti


@Jade Dantas



31.10.12







descoberta



murmurava palavras esquecidas
rendidas
na queda vertical em precipícios
                                
cânticos sem nexo
ancorados em nossa intensidade

entendo agora que não eram só palavras
represadas, febris, alienadas
brotando dos seus olhos deslumbrados

eram bem mais que isto
eram poesia         


@Jade Dantas








canto ensolarado



resta meu nome sussurrado
como se o beijasses, teus olhos perturbados
resta teu cheiro, teu toque, corpo, lábios

resta tua alma tímida, linda, poesia
onde te decifro e te sinto e já não sei
se sou eu ou se és tu que sinto

onde me teço e me refaço

resta a essência guardada, a melodia
restam os sonhos guardados
no canto ensolarado das palavras

na vã procura da emoção perdida
resta a saudade deixada
resta o amor e o vazio


@Jade Dantas





sem nexo



meu voo tem a altura dos desejos
e a noite instiga aos desconcertos

sobrevoa muros de silêncios
murmurando canções sem nexo

na pele nua onde ainda desliza
insaciável e incontida
a tua boca de infinito


©Jade Dantas




 

de mente



mascaradamente

recorrente
mente
sempre
pra toda a gente

e aparente
mente e nem mesmo sente


@Jade Dantas








ascendente


se o futuro vai seguindo além do tempo
siga a estrada onde ele se desdobra

escolha o livro

é a única que não tem volta
e conduz ao infinito


@Jade Dantas
Homenagem à Semana do Livro

26.10.12





desatino


reabri portas fechadas
sentidos engaiolados

me fiz semente, plateia
a jogos de luz e sombras
e cenários inexplorados

no palco do nosso quarto
entre os ardores e o sono


©Jade Dantas



25.10.12



Este foi o meu poema selecionado para a Coletânea de Poesia do FLIPORTO - 2012













canto ensolarado



resta meu nome sussurrado
como se o beijasses, teus olhos perturbados
resta teu cheiro, teu toque, corpo, lábios

resta tua alma tímida, linda, poesia
onde te decifro e te sinto e já não sei
se sou eu ou se és tu que sinto

onde me teço e me refaço

resta a essência guardada, a melodia
restam os sonhos guardados
no canto ensolarado das palavras

na vã procura da emoção perdida
resta a saudade deixada
resta o amor e o vazio


@Jade Dantas









 
 
ainda que tardia



sonhei amor, delírios, liberdade
mas veio o tempo e me vestiu de nãos

enclausurou-me em paredes de razões
de onde fujo nas rotas das palavras

surge a poesia e me reflete a insensatez  

indomável, sem rédeas nem amarras
desafiando os rituais da lucidez 

e a verdade nas metáforas da viagem



© Jade Dantas






balance

may from the truth and the nothing
there shall be a possible whole

may from the passion and throw
the impulse becomes true

that in the abyss of  losses
moats aren’t buid
neither  limits


© Jade Dantas



"The future isn’t a place we are going, but the one we are creating. The path to it is not found, but built and the act of doing it changes both the creator and  the destination. "

Antoine de Saint-Exupéry






equilíbrio


que da verdade e do nada
se instaure um todo possível

que da paixão e arremesso
o impulso se realize

que  no abismo das perdas
não se construam fossos
nem  limites


©Jade Dantas



“O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quando o destino."

Antoine de Saint-Exupéry










mergulho


por roteiros impossíveis
exatos e límpidos

no mesmo ritmo
mesma loucura

deslizo além do tempo
mergulho nas lembranças

levito e volto à tona 
compondo palavras

murmurando de infinito
com poemas


@Jade Dantas




paixão


descobrir nossas audácias
muito além das águas rasas

da incompletude covarde

viver a vida com paixão
ou nada!


 ©Jade Dantas




6.10.12







enigma


quando não era mais o tempo de acontecer, o amor surgiu em horas  encadeadas.
quando a vida se dividia em reprises, entrou sem explicação e compreenderam que até então andavam sozinhos, fabricantes de palavras sem sonhos.
e se deixaram calmos um no outro, com o desvelo de uma longa ausência antes desconhecida.
mergulhados em desconhecidos temporais, adolesceram em corpo, desejos e ânsias de sol e luar, sem saber dos enigmas do tempo que os fragmentaria em dois. a magia perdida em nunca mais.


@Jade Dantas











assíntota



são as doçuras blindadas
a delinquência forçada

restam vozes sem esperança
nos silêncios do impossível

e nos sonhos arquivados
na pobreza inexorável

crianças abandonadas
por nossas autoridades

devaneios impossíveis
sem futuro e sem passado


©Jade Dantas





5.10.12





divagação




queria teus braços a me vestir de aconchego no sono do teu abraço. 
queria o encontro onde nos reinventávamos. queria o quarto onde, adormecidos pelo cansaço e respirando os odores do amor, murmurávamos segredos antes de dormir. queria o azul que o desejo de tua presença reconstrói. o murmúrio de beijos não esquecidos. a fulguração que não tenho mais.


©Jade Dantas 


disgree


I wished your embrace would wear me with kindness in the sheep of yor hug. I wanted the encounter where we reivented ourselves. I wished  the bedroom where, tired and asleep, brecthing the odors of love, we murmured secrets before sleeping. I wished for the blue that I don’t have anymore.


@Jade Dantas




30.9.12





bird


your eyes lighten the dawn in me
denouncing the escaped passion
slept on my insensately hands

in this, the night travels without absences
you become, obscene and moonlighted
in birds speed

my soul returns to fluctuate in blue
when you embrace me and we make love
by worlds submersed in homesickness


@Jade Dantas






pássaro


teus olhos me acendem as madrugadas
denunciando a paixão esquiva
adormecida em minhas mãos insensatas

neles, a noite viaja isenta de ausências
chegas, obsceno e enluarado
em velocidade de pássaro.

minha alma volta a flutuar azul
quando me abraças e fazemos amor
por mundos submersos de saudades


@Jade Dantas









primavera



quando quis cumplicidade
fui solidão

quando quis esquecimento
foi dolorido demais

quando me quis vanguarda
fui contenção

quando mais nada esperava
tu chegaste


@Jade Dantas










aconchego



não quero te dizer adeus se meu amor
não quer saber do refúgio de outras rotas

então me abrigo nos reflexos dos meus sonhos
porque os sonhos não andam sozinhos

mas este olhar com os sons do meus acordes
pode apagar por falta de caminhos


©Jade Dantas




desejos de um dia de sol 

                 

ao vento dos descaminhos
a cabeça envolta em nuvens

cabelos leves ao vento
entre mar, areia e sol

embriagada de vida
caminharia ao teu lado 

onde nunca caminhei
 o amor não mais guardado

com asas que me explicam
e gestos que nunca ousei


@Jade Dantas


26.9.12

O Tempo da Doçura











obliquidades

 

quero escrever do oculto em cada olhar
guardando lembranças clandestinas

escrever do oblíquo no silêncio 
onde brilham imagens escondidas

e dos reflexos nos espelhos
escondendo telúricos segredos


quero escrever do indizível
daquilo que nos redime
 

@Jade Dantas





23.9.12




INCONSEQUÊNCIA


E houve um dia em que riu demais e trabalhou de menos. Tomou um banho demorado, viu-se no espelho, tão linda quanto sabia não ser. Foi ao Shopping, comprou uma roupa nova, comeu torta e sorvete sem pensar no peso, pegou um DVD de um filme bobo que assistiu sozinha, deitada nas almofadas tomando coca-cola com pipoca – nada de sucos naturais – e foi dormir tranqüila e sem culpas, novamente adolescente - porém bem demais.


©Jade Dantas 






diálogos



o mar murmura ondas de carinho
no aconchego da manhã ensolarada

coqueiros falam de saudades
e o vento se quer dono do mundo

dormindo â toa, ri o sol desses diálogos
o supérfluo nos rouba muita coisa!


©Jade Dantas








utopia



com ares de proprietário
toma-me nos teus braços

corpo, mãos e lábios.
dança comigo           me entontece

deixa-me febril com palavras audazes
como se fôssemos algo mais

que esse desejo dos abraços.
como se ainda fosse de verdade


@Jade Dantas