A poesia me abraça com asas de inspiração. Palavras se erguem de lá onde guardei os sonhos, desfazendo mantas do tempo que se desdobram. Cintilam. A poesia me convoca, roçar de asas. Asas de poesia. Me conduz em seus vôos, até o alto, nas rotas mágicas por onde os pássaros costumam voar. A poesia é a insubstituível companheira que caminha comigo.
ARABESQUE
24.4.11
sítio do meu avô
sertão. noite de inverno
luz de lamparina. interior
sítio do meu avô. cai uma chuva fina
mulherada reunida na cozinha
tomo café e escuto a observação
feita pra mim, moça da cidade
- não venha aqui de madrugada
- por quê? - melhor num vir
(sorrisos misteriosos) - sei
(querem me pegar!)
- fantasmas? (rio) - como sabe?
agora rio alto sem pensar
elas calam. suspiram
- desculpem-me - não quero chatear
- tudo bem, imagina!
porém, na madrugada, a fome bate
no meio do creme de abacate
olho de lado e fico estática:
bem junto a mim, um arlequim
enorme, olhar zombeteiro
na pia um vulto estranho
brota do ralo. tremedeira
fujo, vou me deitar. nossa! sítio, interior
nunca mais! sou da cidade!
©Jade Dantas
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