ARABESQUE

ARABESQUE
Em passos de arabesque escrevo

24.7.10




vida nossa de cada dia



instigo a vida
à luminosidade das coisas
às ousadias

e ela me desafia
às escaladas dos caminhos
aos abismos

à utópica liberdade
festa onde somos penetras
presos ao que nunca passa

porque viver é um filme leve
e na liquidez das horas
é uma arte diária


©Jade Dantas

18.7.10




palavras


atravessando espelhos
do profundo ao raso

podem ser poesia
ou pedra compacta

fronteiras do asfixiado
vorazes, amordaçadas

como calar palavras não ditas
se o silêncio é feito de gritos?


©Jade Dantas

16.7.10




panorama


quero-te semeador do imaginário
percorrendo meus caminhos

escalando montes, esculpindo pontes
sobre oceanos

amanhecendo todos os dias
nos meus cenários

e iluminando a travessia
com poesia

©Jade Dantas



trem-bala


morreu o tempo das manhãs
do amor tecendo brisas
sob as folhas silvestres das palavras

é o tempo da indelicadeza
o amor sem infância corpo morto
mito desafinado

faminto encarcerado humilhado
onde o milagre do semear?
o solo é árido

as janelas estão fechadas
as distâncias encurtadas
desnecessários caminhos

o amor é um trem-bala

@ Jade Dantas



©Jade Dantas



declaração de vício


meu vício
justapõe montagens atiçadas na pele

porém declaro, para todos os fins
meu desejo de paz

levanto os olhos, crio asas
voar não dói. recolho imagens
respiro novas palavras, sinto-me curada

mas se vejo teu retrato
o vício retorna aos gritos
sem aviso prévio

e declaro, para todos os fins
continuo viciada

©Jade Dantas

10.7.10




quase nada


acordes imprevistos
submersos
melodiando as madrugadas

distantes
música vestida de ausência
quase nada

melodia inacabada
que me espreita
vaga e irreal

©Jade Dantas

5.7.10




pico do Jabre

na magia do cenário imperturbável
por encostas, pedras e paisagens
exibindo-se à platéia dos seus vales

na força dos impovoáveis ermos
o pico do Jabre é ousadia e força
mesmo submetido às afrontas

de humilhantes feridas de antenas
cravadas pela insensibilidade
de políticos levianos e covardes

poluindo o mais belo monumento
o ponto mais elevado do estado
e aos paraibanos de mãos atadas

paralisados ante o poder do governo
sobra a angústia em olhos de noite
fincados na bandeira do ultraje


©Jade Dantas



renascimento


o prazer do caminho é voraz
seguir sem limites
sem a angústia de ausências

a poesia reencontrada
no limiar das águas
dizendo sim à vida

a tristeza diluida
a lua a falar de poesia
existir é desejo de infinito

©Jade Dantas

4.7.10




quase

na solidão do tempo esgotado
mergulhou

desnuda e desamparada

em busca dos abismos ocultos
do nada


© Jade Dantas