ARABESQUE

ARABESQUE
Em passos de arabesque escrevo

29.12.11




urgência



cavalgada


teu sortilégio
embala minhas noites

tripulante
das tuas cavalgadas

me reinventas
para tua sede

nos ardores
dos teus olhos cerrados

refletidos no espelho insone
que fascinado registra nosso instante


©Jade Dantas

25.12.11




plenitude


nem sempre foi assim
onde o dia não ilumina e a noite
parece um poço sem fim

antes do tempo de não ser
construíamos pontes e dias
pequenos demais para tanto gostar
para a música dos risos
e a intensidade no olhar

nem sempre foi assim
onde o dia não ilumina e a noite
parece um poço sem fim


@Jade Dantas




always


para que seja amigo
não haverão dias nem horários
abismos e distâncias impossíveis

amigos

são como quem abre janelas
incinerando escuros
como quem sai da clausura

©Jade Dantas



Hoje é o Dia de Natal
e o aniversário de Jesus é a razão da festa.
Foi através do Seu amor que estamos aqui, tentando evoluir para pessoas humanas dignas deste amor.
É com este amor que Ele deixou que, no mundo inteiro, apesar das guerras e discórdias numa sociedade despida de valores, foi criada esta corrente de solidariedade, bondade, paz e luz chamada Natal, e a esperança de que, algum dia, tenhamos a renovação da pessoa humana em todo o mundo.

Um grande abraço
Jade

11.12.11




desvario


temo que este desejo
incontrolado a me impelir com força
de correnteza enchente explosão

e tento esquecer me conter
em vão fugir não me entregar
mas volta e invade sem reversão

desconhecido e tão intenso vício de ti
que não contenho procuro
transborde um dia lavas de vulcão

me transformando em cinzas
que certamente
desenharão o teu nome pelo chão

@Jade Dantas

5.12.11




fascínio


no mar bravio
diluo-me
mansa enseada nos teus braços

deslizas em meu corpo
sem rumo

sou remoinho
sem início e sem final


@Jade Dantas

29.11.11





essência


meu amor é feito de azul
com algo de eternidade

feito de ser livre pelo caminho
onde as noites nascem

meu amor dorme no agora
múltiplo e imprevisto

melodia inesquecível
flutuando à minha volta


@Jade Dantas

14.11.11




ondas


areia iluminada
sob um luar de poesia
te reencontro em mergulhos
por ondas de melodia

@Jade Dantas



pulsação


sou a paisagem à minha frente
minha hora é agora
sempre

©Jade Dantas



grito


nas mãos adormeço o desejo
da tua pele:

- não um grito, antes uma fonte
de ternura. o amor guardado
atrás do olhar

teu nome esconde-se
em meus lábios:

- não um grito
mas uma vontade louca de gritar

5.11.11





fuga impossível



se a poesia nasce em meu olhar
tento fugir, construir muros
cobertos de razão onde isolar
a fantasia, calar o sonho

esquecer teus olhos, teu chamego
caminhar firme, andar de pés no chão
mas a poesia vem e me diz: não!
as palavras descobrem a hesitação

e me seduzem, murmuram versos
lembram beijos
e o amor que é sonho ou fantasia

desconcertos, passes de mágicas
me toma em braços de paixão e rimas
para dançar no canto das palavras


@Jade Dantas

30.10.11





infinitude



desafiando o tempo, agitados e tontos
levitando pelas madrugadas
éramos seres novos e muito antigos

imagens inapagáveis
reencontrando em sonhos
a perdida infinitude de pássaros


© Jade Dantas

17.10.11




trégua



hoje não preciso de palavras
nem poesia nem metáforas

o que preciso
não tem nome não é livre
é pedra é desatino

palavras
seriam supérfluas e vazias


© Jade Dantas

9.10.11




refúgio


sei dos carinhos que guardo, sei do pranto
e das palavras jamais pronunciadas.
quero te dar todo o código desta minha loucura

dá sentido aos absurdos
vem ser o meu refúgio
não me deixa mais dormir com estas mãos vazias

toma o vinho do meu beijo
come o pão do meu corpo
vem falar-me de amor e de uma entrega sem retorno


@Jade Dantas

2.10.11




visceral



não me exijam coerência
sou minha verdade tão somente

sou este olhar e este jeito de ser
o meu mistério e meu desassossego

e os meus poemas
são o impulso primordial

fragmentos do tempo
que vou deixando aqui e ali


@Jade Dantas

10.9.11




para não esquecer


são tantas vozes ressoando enlutadas
num corredor de molduras vazias

são tantos sonhos mutilados, perdidos
pela fúria insensata do inimigo

encerradas no silêncio intransponível
do precipício desvairado da loucura

desmorona impotente o World Center
no escuro do medo e amargura

@Jade Dantas

5.9.11




arroubos


não amo o morno, o cinza me deprime
meus vulcões explodem em metáforas

com os arroubos sacio minhas sedes
não quero as regras nem o pragmático

nasci voracidade
mas sou poeta e a poesia salva


@Jade Dantas

27.8.11




sem noção



me olha assim disfarçado
me canta desafinado
e não olha pra mais ninguém

pula em cima de mim
quando me vê distraída.
ai que cara sem noção!

e eu subo até sobre a mesa
se me pega de surpresa
bem na hora do jantar

queria um sapo encantado
daquele que vira um príncipe
o meu só me faz gritar


@Jade Dantas

24.8.11




ilógica


ávida pela vida
amedronto
a segurança das grades

quebro os invólucros
os estereótipos
as simetrias

porém o tempo
ilógico e incoerente
é o meu limite


©Jade Dantas



amanhã


o poema que desejo penetrará nos olhos e na alma
de quem o lê. espiral, átomo
galáxia nos poros, definitivo

o poema que desejo é substancial como o pão
é metaplasma
sem início e sem final

o poema que desejo é sensual e ardente
horizontal
é fingidor e passará por muitas mãos

o poema que desejo tem olhos de criança
é ternura de manhã clara, nuvens brancas
é ressonância lá onde você se esconde

onde você pensa
que é pedra
é amanhã


@Jade Dantas


23.8.11




precipício


tudo que está acumulado
o amor guardado doendo não volátil
era o encontro da sede e sua água
sem a percepção do precipício

@Jade Dantas




aqui


chuva e sol, estás aqui
presença e raiz, estás aqui

aquecendo o frio onde congelo
estás aqui

teus braços me ajudam a caminhar
e me deixas livre para voar

me sabes pássaro
povoado de fantasmas

e palavras
mas estás aqui


@Jade Dantas


Imagem - Jack Vettrianno



20.8.11




resgate


tento me resgatar do amor
imóvel e insone
sobrevivente do ontem

mas o fascínio das palavras
transformam minhas tentativas

em inútil
idade

@Jade Dantas





sombras


dispersa no vazio dos espaços
alheios à urgência e ao cansaço

a minha voz distante dos teus braços
tem sombras de brilho e rituais

e o não dito é nebuloso e intocável
perdido no abismo dos teus passos


@Jade Dantas

17.8.11




na praia


sonhei você ao meu lado
aqui em Boa Viagem

o cabelo solto ao vento
nós dois brincando ao relento

com o gosto de você
sonhei um beijo na praia


@Jade Dantas

13.8.11




poema ensolarado


ébria de amanhecer
vestida apenas de sol
crio roteiros

onde o impossível ressurge pelas frestas
na ensolarada manhã de inverno


@Jade Dantas

12.8.11





mesa de bar


mãos dadas, olhos nos olhos
numa mesa de bar à meia-luz

levito, embriagada de ontem
entre miragens e espanto
nas noites de insônia


@Jade Dantas

7.8.11




desequilíbrio


mas quando iluminas as janelas
da minha vida e me abraças

teu calor na minha pele
deslizando em beijos famintos

com olhos de animal sedento
o tempo se torna inconsistente

vago, perco o equilíbrio
sou grito, eco e ardências


@ Jade Dantas



amigo sol



bom dia amigo sol
esta manhã azul do meu Recife
tem a eternidade das coisas felizes

vês os pássaros no ar? a vida é uma aventura
como trabalhar numa manhã assim?
a vontade é sair por aí sem amarras

perdoa por favor a menina que ainda sou
é que numa manhã tão linda como esta
o meu desejo de brincar não se acabou


©Jade Dantas

Em frente ao Ed. Acaiaca - Praia de Boa Viagem - Recife - PE



tempo esgotado


se levas uma vida sem sentido
considerando o teu tempo esgotado
enquanto o mundo pulsa à tua volta

se deixaste o teu sonho esquecido
porque gastaste todas as palavras
em uma viagem sem sentido

ancorada no agora, sem angústia
pelo amor que deixaste se esvair
como areia do tempo em tuas mãos

se não ouves mais a voz da vida, virando estátua
com o sal ressecado das tuas lágrimas
então prossegue sem olhar para trás

porém se hoje este chamado
ainda te consome e não o segues
por medo, é a vida que te envolve

vai! que a vida é hoje, agora
o tempo não perdoa
e amanhã pode ser tarde demais

@ Jade Dantas

1.8.11




quarto escuro


são cristais, vezes perdidos
no quarto escuro das hesitações
rio do tempo que se afasta

os instantes que não se repetirão
as pessoas que nunca mais veremos
e jamais se apagarão

@Jade Dantas



preconceito


ele tem mãe e pai também
tem sobrenome, simples mas tem

por que o chamam de Zé Ninguém?


@ Jade Dantas

30.7.11




essencial


meus poemas
são minha ponte essencial

entre o vazio e o vôo
entre o espaço circular e a vastidão
entre o tempo esgotado e a eternidade


©Jade Dantas

21.7.11





era uma vez


era a viagem e o destino desde o início
a intensidade estava à nossa espera
fomos um passo além do apreensível

nas mil e uma noites que me deste
o que valia era o encontro, era o instante
da imersão voluntária no impossível

e o milagre se fez carne e se fez verbo
restou o silêncio, o eco, o grito e a poesia
quando se estilhaçou o que era eterno


@Jade Dantas