ARABESQUE

ARABESQUE
Em passos de arabesque escrevo

30.6.12





explosão



a desilusão explodiu  
as certezas do teu sonho?

não importa, esquece


valerá o momento vivido
o eterno em um instante
o voo em excitações

um dia a dor se vai

mas a sinfonia continuará
apaziguada, até o final


©Jade Dantas 




29.6.12




sem argumentos



porque sou feita de perguntas
olho-me
em busca de mim mesma

sempre não me reconheço

invado limites
do bom senso
contestando meus próprios argumentos



@Jade Dantas




28.6.12




desespero



na face crispada
o desespero

ante a violência
do sistema

e a impotência do protesto

onde
sob quantos desencantos

terá sido sepultada
a esperança do povo?


©Jade Dantas






brinde à saudade



és um perfume em minhas mãos vazias
desarrumas minha vida, meus armários

e vendo a chuva lá fora ganhas forma

- que outras mãos
deslumbradas de prazer e excitação
ouvirão agora tua voz amorosa?

e vendo a chuva lá fora brindo a nós

e em vez do som da chuva 
é a tua voz que escuto lá fora


@Jade Dantas

23.6.12





moradia


novos roteiros me habitam as noites
são arco e flecha despertando o tempo

(quem me julga serena nada sabe)

vêm demolir as sombras e o bom senso
reativando arquivos insensatos

(quem me julga serena nada sabe)

os arquivos insensatos dos desejos
guardados entre gelo e nevoeiro

© Jade Dantas

22.6.12

18.6.12







parabéns


e de repente me lembro
ele hoje faria anos. quantos?
não importa agora

seu roteiro continuou
do outro lado

fiquei, levando em mim um pouco dele
sua alegria, seu sorriso

a poesia onde ambos buscamos
o enigma das palavras
desafiando o olhar

ele se foi mas deixou a poesia
onde me recostar

parabéns, papai


@Jade Dantas

Recife, 17 de maio de 2012



15.6.12




cantigas do vento


se te alimentas de poesia
persistirá no teu sangue
a inveracidade do tempo

falarás com teus tormentos
resvalarás em silêncios
vivendo o intenso e o fugaz

rimarás sexo e infinito
seduzirás com palavras
e a pureza das metáforas

porque leve e fugidia
como as cantigas do vento
é a poesia


© Jade Dantas

12.6.12




hino ao amor


que seja sempre inteiro
desnudando véus
as mãos trêmulas de desejo

que permaneça sinfonia
inacabado encontro
do intocável

e os sonhos continuem um poema 
no silêncio do tempo
partitura sem adeus

©Jade Dantas



11.6.12




incompletude



na poesia disfarço meus delírios
as magias semeiam meus caminhos
e cerrações aspiram ao impossível

poemas se escrevem a cada dia
as asas surgem perseguindo as nuvens
porém recuso o inconsciente apaixonado

se o horizonte é pleno em descobertas
o conformismo não me inspira paz 
nunca sou completude, só estrada


©Jade Dantas


3.6.12




o instante do sempre


na moldura do tempo uma foto
e a saudade diferente e doce

libera as rimas da poesia represada

traz sons em azul de palavras ritmadas
perfumando o poema que amanhece

sabe do olhar e da vida que renasce

do enredo do tempo e do instante
quando surge o grande amor e ele acontece


@Jade Dantas